sexta-feira, 24 de novembro de 2023

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domingo, 12 de novembro de 2023

Porre de mim mesmo

completamente bêbado

nessa minha realidade sóbria

tão sóbria que é um porre


porre de alegria

de vinho, cachaça, cerveja,

celular, camisinha, porre de transa 


embriagado nessa conversa

embarco no delírio coletivo existencial

onde queimo neurônios, bagulhos, empadões, tabacos,

queimo o filme


mergulho numa deliciosa larica

e de repente

me vejo passando brigadeiro

numa torrada bauducco 


adormecer é uma onda

que me leva para longe

um infinito de possibilidades

de cores, sons e cheiros


já o despertar

é entender

que a realidade

é uma viagem

louca, múltipla

e simultânea.

uma realidade de horários

onde o tempo passa

e eu cambaleando

tento acompanhar

as urgências


olhando para o céu escuro

uma tontura súbita me invade

o dia passou. não percebi

estou completamente embriagado nas responsabilidades


embriagado no amor 

na saudade, na dor

na presença do passado

e na projeção do futuro

o presente balança, tropeça

se desequilibra

mas não cai



abro um vinho

coloco uma música

e a viagem prossegue aqui

 numa onda sonora

que acessa sentimentos

trancados numa gaveta.


o bêbado dentro de mim 

vira desenho animado

dança,

fala alto, abraça.

é inconveniente

não quer ir embora

de mim mesmo.


os olhos se abrem

tudo gira

cabeça grita

ressaca real

aspirina

água

porre de dipirona


porre de cafeína, porre de açúcar

as dosagens se misturam

num grande coquetel

o desconforto passa

e uma onda enorme

me pega desprevenido

caixote!

levanto

todo sujo

água, sal, sol, areia

Completamente chapado de maresia.


é tanto trocadilho

que me vem um enjoo

não poderia ser diferente

encerro esse poema

vomitando palavras ambíguas


Saideira! Saideira!

Garçon! Mais um chopp!

Esse poema é como um bêbado

Inimigo do fim, não quer ir embora


Bota um choro nesse copo!

Vamos brindar pela décima vez

Um brinde a loucura do normal!