sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

100 dias

sem carinho no pé

sem levar uma bronca

sem rir alto dos absurdos que eu te falava

sem pedir para eu te acordar às nove e meia e às nove meia, pedir para te acordar às nove e quarenta cinco e às nove quarenta e cinco, pedir para eu te acordar às dez


sem fazer um call

sem organizar uma amiga

sem nunca dormir sem encostar uma parte

sem apertar a sua mão quando passamos por uma turbulência num avião

sem me pedir para eu pegar algo na sua bolsa que nunca estava lá e você insistir que estava, e às vezes estava mesmo!


sem comer gelo

sem eu sentir o seu hálito

sem marcar uma viagem por impulso

sem sua gratidão e seu olhar contemplativo com tudo

sem se preocupar com a juju

sem postar um story no instagram

sem falar portunhol enquanto jogava tranca

sem pegar um elevador com você e sempre quando a porta se fechava nós nos beijávamos


sem planejar sonhos

sem tremer a perninha

sem querer morar em cada cidade visitou

sem não conseguir omitir em uma reunião que somos casados


sem sentir o seu cheiro

sem fazer uma comida e mostrar para sua mãe toda orgulhosa

sem reclamar da minha música barulhenta

sem sermos lúdicos juntos

sem brincar com a filha

sem contar um história como ninguém

sem ser chamado de amor. go, vi, vida, flo, floco, bolor, reta, réptil.....


sem ouvir seu ronco

sem me contar um bafo

sem cheirar álcool gel

sem cuidar da julia

sem acordar com o som que só o seu despertador tinha

sem pensar em se mudar

sem abraços

sem tomar toda sua bebida e depois se apropriar da minha no restaurante


sem fazer um smoothie delicioso na bimby

sem chamar a julia de lili, lully, puppy, shampoo, cheirinho, pitu

sem concha

sem pedir uma toalha no meio banho porque mais uma vez você esqueceu de pegar


sem você não tirar a mesa

sem eu falar para você que vai ficar tudo bem e que vamos dar um jeito

sem permutar um fazfaz("faz em mim que eu faço em você")

sem pedir desculpas

sem fazer uma coisinha (concha&agarro) à noite com a juju

sem comemorar um cliente novo

sem ir para diálise com a sua mala de rodinha

sem me convidar para um jantar de despedida da dieta numa terça-feira


sem rir de si mesma

sem estalar os dedos muitas vezes no meio do call, pedindo água

sem fazer uma baliza perfeita e dizer "aqui é irmã do gordo, ta me tirando!?"

sem eu segurar a sua mão sempre que víamos uma cena emocionante e você me olhar sorrindo


sem não passar um só dia sem sentir a sua falta

sem ainda não entender  a sua partida

sem sentido


parafraseando o vinicius, 

"sem você meu amor eu não sou ninguém"