quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

CariocaTupiniquim

sinal vermelho

desço o vidro

brisa leve

árvores cimentadas

meio fio

linha de esgoto

pombos


sinal verde

praça

passa

buzinas

ficam 

para 

trás

"em duzentos metros mantenha a direita"

não faz sentido!

discuto com o waze

ele tinha razão

"recalculando rota"


trânsito

infinitas motos

passam

pelo meu retrovisor

subo o vidro

ar condicionado

barulho isolado

tudo acalma.


na calçada

uma velha

c

a

i

quando penso em sair para ajudar

três pessoas fazem isso

a princípio, tudo bem só um tombo

ela segue para a fila do banco


da janela vejo a causa do engarrafamento

escola

crianças e suas mochilas

carrocinha de pipoca

fumaça

campainha

pais estressados na fila

atrasados para deixar seus filhos

atrasados para buscar seus filhos

fila única

buzina

gritos

sustos

risadas

som distorcido do microfone

caos

sorvete!

sinal verde


o trânsito flui

abro a janela

passo a primeira, segunda, terceira

freio

coloco a seta para direita

um infeliz não deixa eu passar

mudo de faixa

sinal vermelho


sinal verde

dobro uma esquina

depois outra

sigo na reta

tranquilo

acelero

frank sinatra canta

"fly me to the moon

let me play a mong the stars

let me see what spring is like...."

e eu dirigindo no mundo da lua

até que, ah meu deus!

freia! freia carro!

ah não!

quebra molas

freio em cima da hora

mas não impeço

o carro de balançar.


dois minutos depois

ouço a frase mais esperada:

"você chegou ao seu destino"


mas cadê a vaga?

passeio pela rua

em marcha lenta

mas com olhar atento.

finalmente acho!

baliza! ai meu deus! sou péssimo!

vai para frente, gira o volante, vai para trás, desvira, deu meio errado, meio certo,  vou investir.

para frente, viro o volante, para trás, desviro para o outro lado, para frente, para trás, desisto e começo tudo de novo

enquanto me enrolo no processo, sempre surge umas duas pessoas

são os famosos críticos de vagas, eles não dirigem mas adoram dar risada

das presepadas de barbeiros como eu.

finalmente consigo

não tenho zona azul

loja de construção, padaria, armazém, ninguém tem!

avisto uma banca! um zona azul por favor!

acabou senhor. 

eu pergunto, tá, mas aonde tem?

tenta na banca das alamedas dos maracatins

que?

tenta na alameda dos maracatins

onde fica isso?

esquina com a jurema que fica depois da alameda dos jurucê

que papo de índio é esse meu camarada? eu sou carioca.

então, deixa eu te situar, você está em moema, meu amigo

aqui todas as ruas tem nome de índios.

mas não eram pássaros?


sigo a recomendação do meu mestre dos magos

encontro a banca e consigo encontrar o zona azul

mas

onde foi mesmo que eu parei?

senso de direção inexistente

me embrenho nas ruas com nome comunidades indígenas

anhambiquaras, aratãs, tupiniquins, guaramomis....

ACHEI! ANAPURUS!


coloco o zona azul

e sigo até a minha tribo, ops, quer dizer meu destino....



quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Poesia Concreta a essa Altura?! Faça-me o favor!

vendo 
tempo
passar

não 
vendo 
temp
o
p
a
s
s
a
r

vendo     o      t e m p o           n ã   o                  p   a     s       s     a           r






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